quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Alguns motivos pelos quais você deveria se inspirar mais nos vilões

É claro que há valores a serem refutados. Mas, seja lá o que você almeja, comece a prestar atenção nesses queridos antagonistas da ficção. É lá que muitas lições de superação, planejamento e tomada de risco serão encontradas



Eu sempre gostei de vilões. Eu sei, eles são malvados, têm cara de mau e te jogariam de um abismo se ganhassem algo com isso. Por outro lado, são eles que realmente querem alguma coisa. Arriscam o pescoço, movem mundos e recursos para atingir seus objetivos. Em inúmeros filmes, séries e livros, a tarefa do herói é simplesmente ser um contraponto a tudo isso.
Em uma cena famosa do seriado Breaking Bad, o personagem Walter White está se tratando de um câncer, quando outro paciente começa a reclamar de seu sentimento de falta de controle sobre a vida que a doença trouxe. "Falta de controle? Quem decide a minha vida sou eu”, diz ele, com aquela expressão impagável de um bom vilão que pensa: “todo mundo morre um dia, a doença é só mais uma coisa no caminho”.
Que dizer de vilões famosos como Darth Vader (que queria apenas derrubar o Imperador e governar a galáxia com seu filho) ou o chifrudo Loki (que resolve sozinho encarar os Vingadores, teoricamente o grupo mais poderoso de que se tem notícia)?
Um bom vilão sabe reunir forças e enfrentar situações incomensuráveis. Era de se pensar que, após tantos anos, ficassem cansados só de olhar para o "Duro de Matar” Bruce Willis ou qualquer coisa com o Schwarzenegger. Quem não se intimida com um Rambo armado até os dentes, um sujeito que, após levar dezoito buracos de bala no corpo, faz uma careta e continua pulando nos pescoços de seus inimigos? Não, robôs, alienígenas e terroristas internacionais continuam juntando forças sabe-se lá de onde, respirando fundo e partindo para cima desses heróis invencíveis.
Pare e pense nas histórias que chamam nossa atenção: um herói, das velhas histórias de cowboy aos anti-heróis mafiosos dos Sopranos e Game of Thrones, só é um bom herói se tem inimigos à altura. O que seria da torcida de Tyrion Lannister se seus inimigos fossem burros e fracos? (E nem me faça começar a falar de vilões mais cult, como os Daleks de Dr. Who ou Cylons de Battlestar Galactica).
Na verdade, até dá uma sensação de tédio quando vemos mocinhos super-poderosos massacrando um vilão qualquer só para ficar bem na foto. O Super-Homem, aquele almofadinha, é tão poderoso que até usa a cueca por cima das calças e sabe que ninguém vai mexer com ele. Convenhamos, é preciso muita coragem de um Lex Luthor para enfrentar um cara desses.
Nada é mais chato do que quando, no meio do filme, o mocinho estala os dedos e ganha um presente dos céus, adquire forças sobrenaturais ou consegue ajuda de um monte de amigos para salvar o dia. Muitos nem percebem, mas aquela sensação de “mais ou menos” com a qual saímos depois de ver uma situação assim é fruto dessa trapaceada que os escritores dão em favor de seus heróis favoritos.
É como no Papa-Léguas. O Coyote planeja, encomenda um monte de produtos e faz uma invenção fantástica para pegar o bicho, que simplesmente sai correndo e um piano cai em cima do pobre vilão. No começo, pode ser engraçado, depois de um tempo fica cansativo. Que o vilão perca, mas que seja uma boa luta.
A maioria dos vilões por aí pode até não ter sentimentos muito nobres. Alguns dos mais marcantes nos fazem entender seus motivos (o que falar do Magneto, vilão de X-Men, e sua missão de evitar que um novo holocausto ocorra?). Suas motivações, a paixão com que seguem seus objetivos e riscos que correm são dignos de admiração.
Voltando a Walter White, quando perguntado se está no negócio de ganhar dinheiro ou vender drogas, olha com desdém e reponde: estou no negócio de criar impérios. Se ao menos mais empreendedores tivessem tanta confiança no próprio taco… Conquistar o mundo, quando você olha pelas lentes dessas pessoas, não parece algo tão fora de propósito assim.
Seja lá o que você almeja, comece a prestar atenção nesses queridos antagonistas. É lá que muitas lições de superação, planejamento e tomada de risco serão encontradas.
Como diz a velha piada: venha para o lado negro, nós temos biscoitos!

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